O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (24) que, se a reforma da Previdência representar uma economia menor de R$ 800 bilhões em 10 anos, o Brasil ficará em situação parecida com a da Argentina.

O país vizinho vive, há anos, um cenário de crise econômica, com forte desvalorização da moeda local, inflação alta, baixo crescimento econômico e dificuldade para pagamento de dívidas.

Bolsonaro tomou café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto. Ele disse que o patamar de R$ 800 bilhões é uma conta do ministro da Economia, Paulo Guedes. De acordo com o presidente, Guedes tem lhe dito que uma economia nesse valor representaria um "ponto de inflexão" positivo na trajetória do país.

A equipe econômica faz uma projeção de que a União poupará R$ 1,2 trilhão com a reforma em 10 anos. No entanto, o texto está em tramitação na Câmara e ainda passará pelo Senado. No Congresso, há a possibilidade de alterações na reforma, que podem diminuir o impacto da medida.

No café com jornalistas, Bolsonaro disse que se a redução de despesas ficar abaixo de R$ 800 bilhões, "a situação vai explodir em 2022".

Enviada ao Congresso em fevereiro como uma proposta de emenda à Constituição (PEC), a reforma foi aprovada nesta semana pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, primeira etapa da tramitação.

Agora, o texto será discutido por uma comissão especial de deputados. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou que o deputado Marcelo Ramos (PR-AM) vai presidir a comissão especial e que a reforma será relatada no colegiado pelo deputado Samuel Moreira (PSDB-SP).

 

Almoço no refeitório

 

Após o café, Bolsonaro participou de uma cerimônia e, em seguida, almoçou no refeitório do Palácio do Planalto. Na saída, ele foi perguntado por jornalistas sobre a economia de pelo menos R$ 800 bilhões na reforma da Previdência.

“Previsão mínima, né, da reforma da Previdência”, respondeu.

O presidente disse que a decisão de reduzir a previsão de economia de R$ 1 trilhão até R$ 800 bilhões será do Congresso Nacional.

Perguntado sobre a comparação entre Brasil e Argentina feita no café, ele respondeu: “Você tem que ver o que está acontecendo no mundo para evitar que aconteça no Brasil”.

 

Relação com Mourão é como a de um 'casal'

 

No café da manhã, Bolsonaro tomou a iniciativa de apontar para o vice-presidente, Hamilton Mourão, sentado à sua direita. Bolsonaro quis ressaltar a ligação entre ele e o vice.

Nos últimos dias, a relação do presidente com Mourão sofreu desgaste, após um dos filhos de Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), ter publicado críticas ao vice nas redes sociais.

Questionado sobre o tema no café, o presidente disse que tem relação de confiança com Mourão. Afirmou que o vice tem liberdade de externar suas opiniões e que os dois são como um casal. Há brigas, mas, quando vão dormir, "trocam beijinhos".

Bolsonaro disse ainda que conversou com Carlos. O presidente afirmou que o filho tem opiniões próprias, com as quais nem sempre concorda.

 

'Nova política'

 

Bolsonaro foi questionado a respeito da declaração do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que disse durante entrevista que "ninguém explicou o que é a nova política ainda".

O presidente disse que, a partir de agora, falará apenas de “política” e destacou que montou um ministério técnico para governar.

“Vou falar apenas de política. Não vou falar mais em nova política e velha política”, disse Bolsonaro no café.