Em entrevista ao canal Rossiya 1, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, enfatizou que o conflito na Ucrânia terminaria em, no máximo dois meses, caso o Ocidente interrompesse a ajuda ao regime de Vladimir Zelensky. O líder russo pontuou ainda que os aliados ucranianos persuadiram o país a continuar as hostilidades.
As negociações entre a Rússia e a Ucrânia serão ilegítimas se forem realizadas agora. Isso por conta da necessidade de encontrar uma forma de cancelar o decreto assinado por Vladimir Zelensky, ainda no início da operação militar especial, que proíbe Kiev de negociar com Moscou. É o que enfatizou nesta terça-feira (28) o presidente Putin.
 

"Se começarmos as negociações agora, elas serão ilegítimas. Há um problema aqui, embora eu não tenha mencionado antes. Por quê? Porque quando o atual chefe do regime, como só podemos chamá-lo hoje, assinou esse decreto, ele era um presidente relativamente legítimo. E agora ele não pode cancelá-lo porque é ilegítimo. Essa é a questão, a armadilha", declarou em entrevista ao canal Rossiya 1.

 
Caso a Ucrânia queira cancelar o decreto, que proíbe negociações com a Rússia, e encontrar uma maneira legal de fazê-lo — considerando que os poderes do presidente da Ucrânia após o término do mandato são transferidos para o presidente do Parlamento —, isso seria possível, acrescentou Putin.
 

"Basicamente, em termos gerais, se eles quiserem fazer isso, há um caminho legal. Por favor, que o representante do Parlamento faça isso de acordo com a Constituição. Se quiserem, podem resolver qualquer questão legal. Até agora, simplesmente não vemos tal desejo. Se houver vontade de negociar e encontrar uma solução de compromisso, que qualquer pessoa negocie", defendeu o líder russo.

 
Apesar disso, Putin pontuou que, caso Zelensky queira participar das negociações, a Rússia vai nomear pessoas que irão ajudar a conduzir o processo. "A questão é sobre a assinatura final dos documentos", lembrou.
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Negociações entre Kiev e Moscou no início do conflito

As negociações com a Ucrânia começaram logo no início da operação militar especial, quando Moscou propôs a Kiev que se retirasse da República Popular de Lugansk (RPL) e da República Popular de Donetsk (RPD), declarou Putin.
 

"As negociações, na verdade, começaram imediatamente após o início da operação militar especial. Desde o início, dissemos às autoridades ucranianas da época que as pessoas na República Popular de Lugansk e na República Popular de Donetsk não queriam fazer parte da Ucrânia. Retirem-se e pronto, tudo acabará, sem ações de combate", afirmou Putin.

 
Porém, também em 2022, Moscou recebeu sinais de Kiev de que lutariam até o último ucraniano, principalmente por conta da pressão ocidental.
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Veja abaixo os destaques da entrevista:

 
A soberania da Ucrânia é quase inexistente. O Ocidente persuadiu Kiev a continuar as hostilidades;
 
Durante as negociações em Istambul, em 2022, Kiev propôs "acabar" com o conflito em um encontro pessoal entre os presidentes. Putin deveria ter se encontrado com o então presidente ucraniano, Vladimir Zelensky;
 
Devido à sua ilegitimidade, Zelensky agora não tem o direito de assinar nada;
 
A Rússia ainda não viu nenhum desejo por parte da Ucrânia de concluir um acordo legal;
 
Se a Ucrânia quiser revogar o decreto que proíbe negociações com a Rússia, encontrará uma maneira legal de levar isso à frente. O presidente do parlamento pode fazê-lo;
 
As negociações entre Moscou e Kiev serão ilegítimas se forem realizadas agora, e é necessário encontrar uma maneira de anular o decreto assinado anteriormente.