A prefeitura de Belo Horizonte não considerava a Vila Bernadete, no Barreiro, onde sete pessoas ficaram soterradas, uma área de risco e assume que recebeu às 16h30 de sexta-feira um chamado da Regional Barreiro para vistoriar o local, mas priorizou outras ocorrências.
O prefeito Alexandre Kalil, que visitou o local na manhã deste sábado, também disse que o telefone da Defesa Civil estragou na tarde de sexta-feira, quando o órgão público recebeu mais de 500 chamadas relacionadas à chuva intensa de sexta-feira.
Pelo menos cinco casas desabaram na noite de sexta-feira na Vila Bernadete, deixando sete vítimas. Dois corpos foram avistados pelo Corpo de Bombeiros, que não ainda não conseguiu acessar a área. Cinco pessoas ainda estão desaparecidas, de duas famílias.
"Estamos diante de um desastre ambiental que veio do céu", disse Kalil. "Essa água não veio da incompetência administrativa, ela veio do céu, da maior chuva da história de Belo Horizonte", afirmou.
Somente no Barreiro, choveu 154 milímetros na sexta-feira, de acordo com boletim da Defesa Civil.
Telefone ficou indisponível
O prefeito não precisou quanto tempo o telefone da prefeitura ficou indisponível.
Moradores afirmaram que tentaram ligar para a Defesa Civil e Urbel desde a madrugada da sexta-feira, por causa de uma escavação no quintal de uma casa que estava minando água e desmoronando.
“Ligamos para a Defesa Civil e ninguém atendeu. Quem atendeu foi a Polícia Militar. A Defesa Civil só chegou quando já estava tudo tomado de barro”, conta Valdirene Aparecida Diniz, de 49, que perdeu a casa
Ela disse que foi, pessoalmente, a casa de vizinhos alertar para saírem de suas residências. Segundo os moradores, a PM foi até o local às 12h30 de sexta-feira.
O subsecretário de Proteção e Defesa Civil, Waldir Figueiredo Vieira, afirmou que a Defesa Civil recebeu um chamado, às 16h30 de ontem, da própria administração municipal, de funcionários da Regional Barreiro. A ocorrência não foi priorizada.
“Não viemos em razão ao acúmulo de chamados e da priorização. Nós tínhamos 500 solicitações e esta não era uma área que considerávamos de alto risco”, afirmou.
Kalil diz estar envergonhado
O prefeito foi recebido com xigamentos por dois moradores, que cobraram agilidade nas buscas. “Estou muito envergonhado e recebo crítica com a mesma tranquilidade que recebo aplauso. Gritaram e gritaram pouco pelo tamanho do desastre que é uma perda dessa”, afirmou.
Apesar disso, ele atribui a tragédia às chuvas intensas, associada às construções em encostas.
“É um desastre natural. Ninguém fiquei mais amolado e arrasado do que prefeito. Mas essa não posso jogar no meu colo. Agora quando morre afogado porque não souberam fechar uma rua, eu jogo no meu colo”, afirmou Kalil, que ressaltou que cada morador precisa cuidar de sua casa e sair ao menor sinal de risco.