Iniciada nesta segunda-feira (18), a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro marca a primeira presidência do Brasil no bloco. Entre os temas em debate estão a reforma das instituições de governança global e o combate à fome e às mudanças climáticas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu hoje os trabalhos do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo e que, neste ano, recebeu seu 21º integrante na figura da União Africana (UA).
Lula abriu a reunião agradecendo a todos pela presença e anunciando que seu foco principal está no combate à fome e à pobreza, ressaltando que o Rio de Janeiro, por si só, é como uma grande metáfora do desafio que está posto no panorama mundial, uma representação das "injustiças sociais profundas, o retrato vivo de desigualdades históricas e persistentes" diante de um dos cenários mais bonitos do mundo.
 

Ao citar dados atualizados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 2024, o presidente lembrou aos presentes que o mundo convive "com um contingente de 733 milhões de pessoas ainda subnutridas. É como se as populações do Brasil, México, Alemanha, Reino Unido, África do Sul e Canadá, somadas, estivessem passando fome".

 
O presidente destacou que "a fome e a pobreza não são resultado da escassez ou de fenômenos naturais. A fome, como dizia o cientista e geógrafo brasileiro Josué de Castro, 'é a expressão biológica dos males sociais'. É produto de decisões políticas que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade", ilustrando que seu legado à frente da presidência do G20 será a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
Presidente Lula em reunião com o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Sheikh Khaled bin Mohamed bin Zayed Al Nahyan. Rio de Janeiro, 17 de novembro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 17.11.2024
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"Compete aos que estão aqui em volta desta mesa a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade", pontuou ele.

 
Na visão do presidente brasileiro, os integrantes da cúpula têm todo o poder político e financeiro para estabelecer linhas de ação para tornar possível um mundo multilateral em que a fome seja plenamente combatida em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 1 e 2 da Agenda 2030.
De acordo com o presidente, a iniciativa já conta com a adesão de 81 países, 26 organizações internacionais, 9 instituições financeiras e 31 fundações filantrópicas e organizações não governamentais, muitos dos quais, se não estiveram envolvidos no conceito da Aliança Global, já anunciaram contribuições financeiras para esta causa que é um ponto de consenso nos organismos multilaterais.
 

"Foi um ano de trabalho intenso, mas este é apenas o começo. A Aliança nasce no G20, mas seu destino é global. Que esta cúpula seja marcada pela coragem de agir. Por isso quero declarar oficialmente lançada a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza", concluiu Lula.

 
A reunião de Cúpula do G20 acontece no Museu de Arte Moderna do Rio e vai até terça-feira (19), reunindo líderes de 19 países, além de representantes da União Europeia (UE) e da União Africana (UA), no Rio de Janeiro.