Em entrevista ao UOL, desembargadora afirma que empresário movimentava o dinheiro por meio de criptoativos, e somente ele tinha a chave para acessar o montante que, possivelmente, seria da facção Primeiro Comando da Capital (PCC).
 
A desembargadora Ivana David, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) afirmou neste domingo (10), em entrevista ao portal UOL, que o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, executado pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) só não foi assassinado antes porque tinha criptoativos como trunfo.
 
Popularmente chamados de moedas virtuais, os criptoativos permitem altas somas de investimentos que somente podem ser movimentados pelo dono da chave, que geralmente é uma extensa sequência de letras e números.
Segundo a desembargadora, uma das teses analisadas é que o PCC só não matou o empresário antes porque se ele fosse executado ninguém teria a chave para acessar o dinheiro.
 
"Então ele teria esse trunfo de não ser morto, porque senão ninguém teria essa chave, e logicamente ninguém buscaria o dinheiro. Essa é uma das teses que se ventila", afirmou.
 
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Porém, ela acrescentou que "parece que ou o PCC conseguiu a chave, ou se cansou de esperar".
A desembargadora afirmou ainda que a execução de Gritzbach deixou "manca" a delação do empresário fechada com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), que denunciou o envolvimento do PCC no mercado imobiliário na capital paulista, esquemas de lavagem de dinheiro e envolvimento da facção criminosa no mundo do futebol.
Ela frisou que a delação é um processo sigiloso no qual o delator traz informações que vão sendo investigadas e agora, com a execução, Gritzbach "não vai ser mais ouvido em juízo".
 
"A prova, então, dependendo de como ela está na delação premiada, vai ficar manca, porque ele não vai poder confirmar para o juiz no processo. A delação premiada é simplesmente um contrato, onde um criminoso troca com o Estado informações buscando algum benefício", afirmou a desembargadora.
 
Gritzbach foi executado na sexta-feira (8), por volta das 16h, na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. A ação foi registrada por câmeras de segurança e a principal linha de investigação trabalha com a versão de queima de arquivo.
O ataque fatal de sexta-feira não foi o primeiro atentado contra a vida de Gritzbach. Em 25 de dezembro do ano passado, ele estava passando o Natal em seu apartamento no Jardim Anália Franco, na zona leste de São Paulo, quando foi até a janela tirar uma foto da Lua. Neste momento, tiros foram disparados em sua direção atingindo o vidro da janela. Ninguém ficou ferido no ataque e uma investigação foi aberta pela Polícia Civil à época.