De acordo com a Folha de S.Paulo, integrantes do governo brasileiro estão apreensivos com um retorno de Donald Trump à Casa Branca e se preparam para um "maior potencial de conflito" entre as lideranças.
 
Lula, que na sexta-feira (1º) disse estar torcendo pela vice-presidente e candidata à presidência norte-americana pelo Partido Democrata, Kamala Harris, afirmou ainda que vê a reeleição do republicano como uma volta do "nazismo e fascismo com outra cara" no mundo.
 
A boa relação existente entre Lula e Joe Biden não deve se manter entre Lula e Trump. Mas, apesar disso, fontes do governo dizem que há boa vontade para trabalhar com quem for e afirmam ver um lado pragmático no republicano.
Segundo a apuração, algumas agendas caras ao Brasil provavelmente devem retroceder como no caso da cooperação ambiental, uma vez que ela nunca foi uma prioridade para Trump quando ele ocupou a Casa Branca, retirando os EUA do Acordo de Paris, por exemplo, afirmando este ano que continuaria apoiando os combustíveis fósseis — a indústria de petróleo, quarta maior doadora da campanha, deu US$ 14 milhões (cerca de R$ 81,3 milhões) ao ex-presidente.
 
Combinação de fotos mostra Kamala Harris, à esquerda, em 7 de agosto de 2024 e Donald Trump, em 31 de julho de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 03.11.2024
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Alguns outros temas permanecem incertos, segundo os interlocutores. O principal deles é sobre a proximidade entre o republicano e Elon Musk, que recentemente travou uma batalha judicial e midiática com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, o que para alguns analistas ouvidos pela apuração pode acabar se intensificando independente de Musk vir a possuir um cargo oficial no governo ou não.
 
Ainda segundo a mídia, em contatos com pessoas ligadas à campanha e ao Partido Republicano, o governo brasileiro ouviu que Trump será um "presidente transacional", que vai priorizar interesses econômicos, ou seja, pragmático assim como o Itamaraty em sua tradição diplomática.
 
Para os EUA, há uma aliança estratégica com o Brasil no campo dos minerais críticos para reduzir a dependência da China no fornecimento dessas matérias-primas essenciais para alta tecnologia.
 
Na América Latina, a visão é que um governo Trump se chocaria com a política externa de Lula o que poderia fazer escalar a situação atual com Caracas, mas, de forma geral, o governo brasileiro acredita que um governo Trump poderia aumentar a instabilidade global. Em relação à China, tanto Kamala quanto Trump manteriam a rivalidade e "a Guerra Fria" com Pequim, mas Brasília acredita que Trump seria ainda mais agressivo, algo que o Brasil considera contraproducente.