Estudantes e professores do campus avançado do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) de Conselheiro Lafaiete foram às ruas na manhã desta quarta-feira (14/05) aderindo às manifestações em nível nacional, que ocorrem durante todo o dia, contra o corte de recursos para a Educação anunciado pelo governo federal.

Os estudantes, que receberam apoio de pais, sindicalistas e alguns líderes políticos locais se concentraram na rodoviária, depois percorreram ruas do centro e caminharam até próximo á prefeitura municipal.

Ao longo do caminho eles distribuíram panfletos informativos e dialogaram com populares.

O grupo usou a arte para protestar. Uma encenação foi feita pelas ruas mostrando a real situação do ensino e as dificuldades que poderão correr caso a verba seja reduzida.

De acordo com o professor do IFMG Lafaiete, Daniel Hilário da Silva, o corte de verba, que o Ministério da Educação classifica como contingenciamento, projeta um cenário sombrio a curto prazo, não apenas para as universidades e os institutos federais, como também para o ensino básico, ao contrário do que apregoa o governo: “A educação básica também será prejudicada porque haverá menos recursos para a manutenção de creches e para o Programa Nacional do livro Didático, entre outros que estão diretamente ligados à educação básica. Nosso objetivo, ao realizar manifestações como as que ocorrem nesta quarta-feira, é sensibilizar a população sobre a dimensão deste corte e como a medida já está se refletindo na vida de nossos alunos. Antes de trazer os estudantes para o movimento, realizamos palestras e promovemos reuniões em que abrimos o orçamento, deixando claro pra eles o tamanho do corte e como isso iria afetar o seu cotidiano escolar”.

Sem dinheiro

O professor Daniel Hilário confirmou que, se o corte for aplicado como quer o governo, o IFMG de Lafaiete corre o risco de não ter dinheiro nem mesmo para concluir o atual ano letivo: “Este corte vai impactar diretamente as atividades cotidianas do campus avançado do IFMG em Lafaiete. O atual orçamento já limita o nosso funcionamento; temos que pagar as contas de água, energia elétrica, internet e telefone. Além disso, mantemos em dia o pagamento dos funcionários terceirizados que zelam pela manutenção do campus, como vigias, o pessoal da limpeza e os que cuidam da infraestrutura dos prédios. Com o dinheiro que temos hoje é possível manter o instituto funcionando até o final de setembro. Dispomos do mínimo necessário para manter o campus em funcionamento e assegurar a proteção dos nossos alunos. Se houver o corte de 30%, conforme foi anunciado, não teremos condições de continuar em atividade”.

Prejuízo para os estudantes

O professor observou que, se as atividades do IFMG tiverem de ser interrompidas, serão prejudicados estudantes de Lafaiete e região, trabalhadores do campus e inúmeros profissionais que atuam na prestação de serviços relacionados ao ensino público oferecido pela instituição: “Ainda temos a esperança de que o governo reveja os cortes anunciados, principalmente para os institutos federais e os campi universitários menores, que serão extremamente prejudicados por esta restrição orçamentária”, afirmou o professor Daniel Hilário.

Contingenciamento

O Ministério da Educação (MEC) bloqueou, no final de abril, uma parte do orçamento das 63 universidades e dos 38 institutos federais de ensino. O corte, segundo o governo, foi aplicado sobre gastos não obrigatórios, como água, luz, terceirizados, obras, equipamentos e realização de pesquisas. Despesas obrigatórias, como assistência estudantil e pagamento de salários e aposentadorias, não foram afetadas.
No total, considerando todas as universidades, o corte é de R$ 1,7 bilhão, o que representa 24,84% dos gastos não obrigatórios (chamados de discricionários) e 3,43% do orçamento total das federais.
Segundo o MEC, a medida foi tomada porque a arrecadação de impostos está menor do que o previsto, e o dinheiro pode voltar às universidades caso ela suba.