Os ministérios da Defesa e das Relações Exteriores afirmaram em nota, neste domingo (2), que o governo trará de volta todos os brasileiros que se encontram em Wuhan – a cidade mais afetada pela epidemia de coronavírus na China – e que manifestem desejo de retornar.

No comunicado, as pastas afirmam que o governo "adota todas as medidas necessárias".

Confira a situação até a manhã desta segunda-feira (3):

 

  • 361 mortes na China
  • 1 morte nas Filipinas
  • 17.238 casos suspeitos na China
  • 148 casos suspeitos em outros países

 

A decisão foi anunciada após a divulgação de um vídeo em que um grupo de brasileiros pede ajuda. Na mensagem, eles lembraram de operações feitas por outros países para retirar seus cidadãos da China. Além disso, comprometem-se a passar um período em quarentena após desembarcarem aqui.

O governo diz que, assim que chegarem, esses cidadãos serão submetidos a uma quarentena "de acordo com os procedimentos internacionais, sob a orientação do Ministério da Saúde".

A ordem para cumprir quarentena é só para brasileiros. Estrangeiros que chegam em voos provenientes da China não são obrigados a ficar isolados. Fontes do governo disseram que a questão preocupa, mas ainda não há uma decisão sobre o assunto.

 

O Ministério da Saúde não se manifestou sobre a livre circulação de estrangeiros que chegam da China. A Anvisa orientou as companhias áreas a informarem sobre a presença de passageiros com sintomas característicos da doença. Nesses casos, eles serão isolados e acompanhados.

Plano para repatriação

 

Na nota divulgada neste domingo, o governo afirma que a Força Aérea Brasileira trabalha na elaboração do plano de voo da aeronave que será enviada à China – "possivelmente fretada", segundo o texto.

Por causa da distância, o Brasil não tem rotas de voo direto para a China. Os aviões, em geral, fazem escala no meio do caminho.

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou à TV Globo que ainda não há previsão de data, e que existem "várias variáveis" em negociação.

"É claro que a gente sabe da ansiedade das pessoas que estão lá, e dos familiares no Brasil, de trazer essas pessoas, então estamos trabalhando de maneira mais acelerada que nós podemos. Existem várias variáveis que estão se encaixando: a negociação com o governo chinês, a questão do plano de voo, escala, a montagem do sistema aqui da quarentena. Mas isso acho que é uma questão pra muito breve", disse Araújo.

Outros detalhes, como o itinerário e o protocolo para que os cidadãos manifestem o interesse de retornar ao Brasil ainda não foram divulgados. Segundo o governo, a Embaixada do Brasil em Pequim ficará responsável por esses trâmites.

O governo afirma, ainda, que duas brasileiras que também têm nacionalidade portuguesa já conseguiram sair de Wuhan em um voo francês que transportou cidadãos da União Europeia. Elas farão quarentena em Portugal. A identidade delas não foi divulgada.

 

Pedido de ajuda

 

Na manhã deste domingo, brasileiros que moram em Wuhan gravaram um vídeo de apelo ao presidente Jair Bolsonaro.

Na gravação (veja abaixo), os brasileiros leem uma carta aberta em que pedem ajuda do governo para deixarem a China e retornarem ao Brasil. Eles frisam que estão dispostos a, se necessário, ficarem em quarentena.

Na sexta (31), após reunião com ministros no Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que ainda não tinha uma estratégia clara para o resgate dos brasileiros porque a operação "custava caro" e porque o Brasil não tem uma lei de quarentena em vigor.

"Custa caro um voo desses. Na linha, se for fretar um voo, acima de US$ 500 mil o custo. Pode ser pequeno para o tamanho do orçamento brasileiro, mas precisa de aprovação do Congresso", declarou. O presidente descartou a ideia de editar uma medida provisória para agilizar esse trâmite.

Em resposta, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmaram que o Congresso dará total apoio à retirada dos brasileiros das regiões afetadas na China. E que, se preciso, votará projetos em regime de urgência para viabilizar os voos.

"Acho que não tem nenhum impasse sobre isso. São brasileiros, e se nós pudermos fazer esse gesto de buscar esses brasileiros, colocarmos em um quartel ou em uma base militar para cumprir essa quarentena, não necessariamente precise de uma lei", afirmou Alcolumbre.

Após o anúncio do governo de repatriar os brasileiros em Wuhan, o presidente do Senado usou uma rede social para elogiar a decisão.

 

"Parabenizo a decisão do Executivo de repatriar nossa gente. O Congresso está pronto para ajudar no que for necessário", disse.

 

Íntegra da nota divulgada pelo governo

 

Repatriação dos brasileiros que se encontram em Wuhan/Hubei, China, em decorrência da epidemia de coronavírus

O governo brasileiro adota todas as medidas necessárias para trazer de volta ao Brasil os cidadãos brasileiros que se encontram na província de Hubei, especificamente na cidade de Wuhan, na China, região de origem da epidemia do coronavírus. Serão trazidos todos os brasileiros que se encontram naquela região e que manifestarem desejo de retornar ao Brasil.

Assim que chegarem ao Brasil, eles deverão ser submetidos a quarentena, de acordo com procedimentos internacionais, sob a orientação do Ministério da Saúde.

O Ministério da Defesa, por meio da Força Aérea Brasileira, trabalha na elaboração do plano de voo da aeronave, possivelmente fretada, que será enviada à China. Os detalhes da operação, que está sendo planejada, serão informados posteriormente. A Embaixada do Brasil em Pequim entrará em contato para prestar informações e organizar os procedimentos cabíveis.

Duas brasileiras, que se encontravam em Wuhan e também possuíam nacionalidade portuguesa, já embarcaram em voo francês que transportou cidadãos da União Europeia. Elas farão quarentena em Portugal.

 

 
 

 

 

 

Novo balanço

 

Já são mais de 17 mil casos da doença provocada pelo novo vírus, com 361 mortes na China e uma nas Filipinas. Mais de 20 países foram afetados. No Brasil, há 16 casos suspeitos, segundo o Ministério da Saúde, e nenhum confirmado.

Em uma reportagem do Fantástico, o doutor Drauzio Varella mostra as medidas que estão sendo tomadas no Brasil e explica por que não há motivos para alarde. Assista abaixo: